De caráter retrospectivo, trata-se da maior exibição de obras da celebrada artista japonesa já realizada na América Latina. Reúne mais de 100 obras produzidas entre 1950 e 2013 como, colagens, pinturas, esculturas, arte performática e instalações ambientais. É visível uma característica que se tornou a marca da artista: a obsessão por pontos e bolas.
Personagem rebelde, suas obras possuem um quê de surrealismo, modernismo e minimalismo, e podemos notar o padrão de repetição e acumulação. Além disso, Kusama também se embrenhou na arte da literatura, com romances e poesias, escritas em 13 livros. Afirma um dos curadores da mostra Frances Morris: “Para o Brasil, trouxemos desde pinturas no período inicial de sua carreira e na transição de suas questões de vida para seu trabalho. Desde suas pinturas convencionais criadas no Japão para o engajamento dinâmico, politico de sua vivência em Nova Iorque”.
Nascida em Matsumoto, Japão, em 1929, a artista começou a realizar seus trabalhos poéticos e semi-abstratos em papel nos anos 1940. Suas primeiras pinturas, contundentemente originais, são composições quase todas brancas que se sobressaem pela obsessão pela repetição, como sua série “Redes Infinitas”. Aos 27 anos, decidida a se tornar uma artista famosa, Yayoi Kusama resolveu se mudar para Nova Iorque em 1957, a pedido de uma grande amiga e artista Georgia O’Keeffe. Trabalhou com grandes nomes da Arte Moderna e Contemporânea como Andy Warhol, Joseph Cornell e Donald Judd e logo passou a liderar o movimento da vanguarda.
“No mundo da arte contemporânea, Yayoi Kusama, 85, é como um Fusca. Foi de enorme sucesso, caiu de moda e depois voltou repaginado sem perder as curvas características, no caso dela, as famosas bolinhas coloridas”, escreveu Silas Marti na Folha de São Paulo. Kusama sofre de alucinações desde a sua infância. Bolinhas se tornaram elemento identificável de obsessão ou de marca de Kusama. Outra característica da artista é o uso de elementos fálicos dos anos 1960, como em “Sala de espelhos infinitos – Campo de falos (ou Mostra no chão), 1965/2013.
No fim dos anos 1990, Retornou às criações psicodélicas. Em paralelo à pintura, criou uma sala iluminada por luzes ultravioletas cheia de móveis cobertos por bolinhas coloridas. Em “Sala espelhada ao infinito – cheia de brilho de vida”, 2011, pontinhos brilham no escuro e viram lâmpadas que pendem do teto.
Em 1973, Kusama retornou ao Japão e, desde 1977 vive num hospital psiquiátrico em Toquio.